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A literatura e o vilarejo de Montolieu

Atualizado: 9 de jan. de 2024

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Sendo cada vida humana (e não somente humana) uma literatura, e sendo cada início de ano uma oportunidade para se escrever uma nova história, esse é o tema que escolhi como primeira postagem do ano.


A literatura (a ficção) revela os problemas dos homens, suas escolhas e as consequências destas. Sem julgamentos ou proselitismos (ou melhor, quase sempre), ela mostra as infinitas possibilidades da realidade. Sem dogmatizar, ela é capaz de aprofundar, de revelar a complexidade humana. É assim que a literatura nos enriquece, nos convidando a enxergar os mundos paralelos à nossa volta, humanizando o ser humano. É assim também que nos instiga a compartilhar nossa literatura pessoal. Enriquecer a alma pela literatura é um processo que não passa por respostas prontas.


A literatura não morreu e nem morrerá - ela sempre se renova, porque o ser humano quer existir também através das palavras. Porque tanto a linguagem verbal como o que vivemos está em constante mutação. Tanto a forma, como o fundo, le contenant comme le contenu. Nossa maneira de falar, nossos enunciados, nosso campo léxico são paradigmas, submetidos às influências da época e do meio. Se existem verdades universais, existem também formas e linguagens de aprendê-las e expressá-las. E a evolução da maneira de pensar nos faz entender melhor as coisas, que foram codificadas no passado com nossos limites verbais de compreensão da época.


Mas há quem diga: as grandes livrarias estavam fechando no pós-confinamento! Sim, mas pequenas estão abrindo (adoro a ideia de que grandes fecham e pequenos se abrem). Mas o digital matou o livro! Não importa o formato, contanto que a literatura continue sua função, impressa ou digitalizada. Mas no Brasil não se lê! Uma constatação da realidade não significa que ela não pode mudar. Sabe-se bem que as mudanças são intergeracionais, “o novo sempre vem”, como dizia o cantor-compositor Belchior. Nesse sentido, ler com nossos filhos é viver a literatura “na” e “da”  vida deles. Isso é uma escolha dos pais. E se estes últimos não sabem ler, vejo duas boas alternativas: que vivam a paternidade/maternidade como uma bela história, na medida do possível, ou que encorajem seus filhos a ter a oportunidade que não tiveram, de ler. O ideal seria fazer os dois.


Compartilho com vocês aqui dois exemplos muito interessantes a respeito da leitura e da literatura: uma em Nova Iorque, outra na França (bien sûr! - of course!).


Numa noite recente no Brooklyn, uma multidão se reuniu em um bar para “uma festa de leitura”, cuja ideia era ler um trecho de um livro e conversar sobre, com estranhos. 

A taxa de inscrição era de US$ 10, e haviam 270 pessoas na lista. E assim nasceu o evento criado por alguns jovens bibliófilos de 20 anos. 


Já na França, o vilarejo de Montolieu, próxima do Mediterâneo, entre Montpellier, Toulouse e Perpignan, é conhecido como o Vilarejo do Livro. Charmosas ruas e ruelas com mais de 20 pequenas livrarias e um museu de Artes e Ofícios do Livro, onde consta a história do livro, desde o nascimento da escrita. É mais um convite à “intimidade compartilhada” nesse gesto de seguir a viagem das palavras.

Montolieu - le village des librairies:


Mas no Brasil também temos muitas iniciativas e produções inovadoras em torno da literatura. As feiras do livro estão cada vez mais frequentes e mais frequentadas, começando a surgir em cidades pequenas também. Jovens escritores estão deixando a sua marca com as questões de nossa nova era, e também muitas pessoas estão realizando o “velho sonho” de escrever. Como um dos fundadores do Quintal dos Livros, uma pequena livraria-centro cultural em Cunha, SP, nós organizamos em novembro de 2023 um “Bate Papo Literário” na cidade, com a presença de 10 escritores locais. https://www.instagram.com/quintal.dos.livros/



Assim segue meus votos de Ano Novo, para que a literatura continue conquistando adeptos,  mudando a vida daqueles que se abrem a ela, e que este ano seja para você uma bela história, uma bela literatura pessoal, com suas dores, mas superações! E que quando precisar, sempre encontre o livro certo para te acompanhar na jornada.


 
 
 

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