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Les Tiers lieux - Os Terceiros Lugares


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Brunch à La Recyclerie, 18 arr, Paris


Tiers Lieu, “Terceiro Lugar” significa lugar de sociabilização (o primeiro lugar seria nosso lar, o segundo, nosso trabalho). O conceito foi definido pelo sociólogo americano Ray Oldenburg em 1989, enfatizando a importância dos espaços destinados a encontros, com troca de ideias, que tem sido parte integrante da sociedade humana há séculos. Assim, cafeterias e vários lugares públicos de convivência fazem parte do conceito.


Mas hoje os “tiers lieux” assumem formatos e espaços inovadores, enquadrando necessidades profissionais e trocas diversas entre pessoas. Um bom exemplo disso são os coworkings. Podemos trabalhar com nosso laptop em locais públicos, num ambiente sociabilizante. Ou mesmo em locais como o Starbucks. Em outros níveis de compartilhamento, existem as moradias compartilhadas, os “colivings”. Garagem solidária, oficinas compartilhadas… e, indo mais longe, inclusive espaços previstos para troca de serviços. Chegamos aqui em uma resignificação do “Terceiro lugar”.


Segundo uma definição atual, “os terceiro-lugares devem permitir a cada um e coletivamente de se apropriar de seu poder de agir e de responder aos grandes desafios da transição que se impõem a nós nos dias atuais. São projetos estruturantes de territórios que se redinamizam em um bairro, um vilarejo. Esses espaços são concebidos para criar as condições mais favoráveis à eclosão de idéias e à cooperação local.” https://coop.tierslieux.net/tiers-lieux/typologies-definition/


“Um espaço de sociabilização de iniciativa cidadã, onde uma comunidade pode se encontrar, trocar e compartilhar recursos, competências e experiências, os terceiros lugares criam novas dinâmicas econômicas e sociais.” https://www.campusdestierslieux.com/

Dentro dessa nova perspectiva, existem 3500 tiers lieux na França hoje, segundo o Guia de tiers lieux (https://francetierslieux.fr/ ). 


Uma palavra muito francesa é “convivialité”, cuja tradução mais genérica seria “boas relações entre pessoas”. Utiliza-se mesmo em informática para designar “facilidade de uso” (lembro-me que na França diziam que o Mac é melhor por ser muito mais convivial que o PC). Convivialité (aqui, sociabilização) é então um valor muito importante na França do savoir-vivre. A festa dos vizinhos (Fête des voisins) é um dos vários exemplos de como iniciativas de sociabilização têm rápida adesão.


Enfim, convido vocês a descobrir “La Recyclerie” (A Reciclaria), situada no bairro 18 de Paris, uma iniciativa que considero uma excelente evolução desse senso de comunitarismo, somado à consciência da necessidade de práticas sustentáveis. On bricole des choses ensemble (fabricam-se coisas juntos), com material reciclado, fazem-se sementeiras, feiras… tudo num ambiente cultural, alegre e descontraído de trocas e “convivialité”.


Estamos falando de economia circular, de exercício de cidadania cooperativa, de ações sustentáveis para reconstrução de um mundo sob novos paradigmas. Ótimas ideias para o Ano Novo!



Referências:


Terceiro lugar:



Tiers lieux


La fête des voisins


La recyclerie


 
 
 

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